Sem Kaká, mas no ataque
AFP

Toda vez que uma seleção perde um craque que é candidato perene ao prêmio de Jogador do Ano da FIFA, a expectativa natural é a de queda brusca de seu rendimento, não? Pode ser, mas, quando se trata do Brasil, o impacto dessa baixa pode ser amenizado. Na verdade, a equipe de Dunga que vai a campo nesta sexta-feira contra Portugal espera provar que, mesmo sem o astro, tem futebol suficiente para encarar qualquer rival na Copa do Mundo da FIFA.

Não há dúvidas sobre a importância do meia Kaká para a Seleção, ao ponto de que seu processo de recuperação de algumas complicadas lesões foi acompanhado bem de perto pela comissão técnica – e pela torcida de todo o país – durante a temporada. Depois de uma estreia discreta, contra a Costa do Marfim ele deu provas de que sua evolução física e técnica bem encaminhada. Sua expulsão ao final da partida, porém, abre espaço para que o time mostre que não depende da visão de jogo, das arrancadas e do poder de decisão de sua maior estrela para ir ao ataque.

O primeiro reforçar a essa ideia é o próprio atleta do Real Madrid. "Contra Portugal, a gente vai para vencer", disse o Bola de Ouro da Copa das Confederações da FIFA 2009. Hoje o Brasil lidera o Grupo G da África do Sul 2010 com seis pontos, dois a mais do que os lusitanos.

Preenchendo a vaga
O técnico Dunga tem uma série de possibilidades para substituir Kaká. Essa gama variada não passa despercebida pelas bandas portuguesas. "O Brasil tem jogadores muito fortes", afirma o meio-campista Tiago. "É uma pena que não possa jogar, mas não é uma coisa em que pensemos. Vai jogar o Júlio Baptista ou outro grande jogador. O Brasil vale pelo grupo."

De fato, Júlio Baptista parece a opção natural. O meia da Roma foi bem como o substituto no amistoso contra Zimbábue e ganhou suas chances nos últimos coletivos. Além disso, não dá para esquecer sua atuação decisiva na conquista da Copa América de 2007 e uma exibição memorável na final contra a Argentina. "Ele atua na mesma função que eu, mas estou aqui para ajudar, à espera da minha oportunidade. Se o professor tiver de me utilizar, estou pronto", disse o atleta, amigo de Kaká desde as categorias de base do São Paulo.

Recuar Robinho e colocar Nilmar ou Grafite à frente é uma alternativa que já foi concretizada até mesmo nos minutos finais contra os norte-coreanos, sem nenhuma contestação por parte do atacante do Santos. "Quando a gente atua com três atacantes, e sou o que mais volta para buscar jogadas. Então, se tiver de jogar assim, não há problema. O Dunga pode contar comigo em qualquer posição", disse.

O técnico da Seleção, que também não sabe se poderá contar com Elano, meia que se recupera de uma contusão na perna direita, ainda não revelou qual opção vai adotar. Até mesmo o volante Ramires e o lateral direito Daniel Alves podem ser testados no setor.

Para o bem
Kaká não esconde que enfrentar Portugal seria importante para seu apurar seu ritmo de jogo. Por outro lado, há o lado positivo para a desenvoltura de seu preparo. "Atrapalha a evolução que vinha tendo, mas ganho uma semana até o próximo jogo, para que eu possa fazer um trabalho de fortalecimento. Vou melhorar minha forma física, para estar pronto para as oitavas de final."

Não obstante, o astro também acredita que sua expulsão pode ser mais um elemento para reforçar a coesão do grupo de Dunga. "Acho que, demonstrando minha vontade de trabalhar, para todos verem, posso ser um exemplo ativo. Posso ajudar com palavras e atitude", afirmou. "Serve para motivar quem for entrar no meu lugar, para que tenha sorte em um jogo tão difícil como esse contra Portugal."

Neste caso, em um confronto de tamanho alto nível, envolvendo primeiro e terceiro colocados do Ranking Mundida da FIFA/Coca-Cola, a sorte pode ser realmente um fator. Mas não é só nisto que a Seleção e Dunga vão apostar, avisa Kaká. "Queremos terminar em primeiro lugar e, mesmo sabendo que basta um empate, a vitória é fundamental para dar força para entrar nas oitavas."

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